quinta-feira, 25 de abril de 2024

Desmascarando: Cria de Bozo, Caroline De Toni consegue arpovar farsa grotesca na câmara liberando os Estados para legilslar sobre armas. STF terá de intervir contra isso

 

Do Canal Desmascarando:




Programa Desperta ICL com Landro Demori do dia 25 de abril de 2024

 

Da Rádio TVT:




Reinaldo Azevedo: A aberração da CCJ nas mãos de bolsonaristas na câmara com a pauta homicida-fascista das armas

 Da RádioBand News FM:



Dois estudos de oitvas para piano de Georg Eggeling





Imperialismo, Lawfare e conspiração golpista: “Eles queriam reuniões às escondidas”: GGN entrevista advogado que presenciou encontros da Lava Jato com agentes americanos

 

"Minha intuição dizia que dali não sairia nada bom", diz André de Almeida sobre reuniões secretas da Lava Jato; assista

Do Jornal GGN:

O advogado Andre de Almeida, responsável pela maior ação coletiva do mundo contra a Petrobras, por conta da corrupção revelada na Lava Jato. Foto: Reprodução/TVGGN

O advogado Andre de Almeida, responsável pela maior ação coletiva do mundo contra a Petrobras, por conta da corrupção revelada na Lava Jato. Foto: Reprodução/TVGGN


Dezembro de 2014. A Lava Jato, cuja primeira fase ostensiva fora deflagrada em março daquele ano, estava a todo vapor. A delação do doleiro Alberto Youssef caíra como uma bomba sobre o governo de Dilma Roussef, ameaçando sua reeleição. O advogado André de Almeida – com experiência de quatro anos trabalhando em organizações internacionais – decide encampar na justiça dos Estados Unidos uma batalha em torno de uma class action (ação coletiva) para obrigar a Petrobras a indenizar seus acionistas americanos pelos prejuízos acarretados pelo escândalo revelado no âmbito da Lava Jato.

Em entrevista exclusiva ao programa TV GGN Justiçano canal do GGN no Youtube, André de Almeida revela que foi chamado pelos procuradores de Curitiba, então liderados por Deltan Dallagnol, para explicar a ação que a Petrobras enfrentaria nos Estados Unidos, na condição de “culpada” pela corrupção, em reunião mantida sob sigilo. Mais do que isso: Almeida também testemunhou encontros “secretos” dos membros do Ministério Público Federal com agentes americanos que desembarcaram no Brasil com a missão de levar a Petrobras ao banco dos réus em Nova York por desrespeito à FPCA, a lei anticorrupção americana.

“Estive em reuniões onde tinham representantes do governo estrangeiro, não identificados. Tinham representantes do Ministério Público Federal de várias localidades diferentes. Minha intuição me dizia que eu tinha que me afastar, que dali não sairia nada bom“, relatou o advogado.

“Eu insisti muito para que os convites fossem formais, que as reuniões tivessem objetivo, pauta, datas, participantes. Mas era o oposto do que a turma do Ministério Público Federal em Curitiba queria fazer. Eles queriam reuniões às escuras, às escondidas, para conversar sobre a class action, para então pensar se isso era bom ou ruim para os objetivos deles no Brasil. Eu percebi claramente essa expectativa de manipulação”, acrescentou Almeida ao GGN.

O desfecho dessa história já é conhecido: a Petrobras fechou acordo com o DOJ (departamento de justiça dos EUA) e a SEC (comissão de valores mobiliários dos EUA) e pagou multa de 2,95 bilhões de dólares para encerrar o imbróglio. O acordo tinha cláusulas leoninas, como a obrigação da Petrobras em responder qualquer demanda dos EUA, inclusive sobre seus negócios estratégicos, revelado em primeira mão no GGN.

Mas a parte que mais chamou atenção da grande mídia e do Judiciário brasileiro diz respeito à devolução de 80% do valor – negociada pelos americanos com Deltan Dallagnol – em benefício das “autoridades estrangeiras”, ou seja, à União.

No entanto, a turma de Deltan Dallagnol – que municiou os americanos e fez cooperação internacional com autoridades estrangeira à margem das leis – tinha outros planos para os bilhões que retornariam ao Brasil. Ele elaborou um segundo acordo com a Petrobras, que daria vida a uma “fundação privada” – que Almeida chamou de “excrecência jurídica” – sob a batuta do MPF, que poderia decidir onde aplicar os 80% da multa paga aos EUA – montante que representaria cerca de 5 bilhões de reais em valores atualizados.

Esse segundo acordo inconstitucional foi homologado indevidamente pela juíza Gabriela Hardt, em período de titularidade plena na 13ª Vara Federal de Curitiba, em 2019. A fundação só não saiu do papel por decisão do Supremo Tribunal Federal. Hardt agora está às voltas com o Conselho Nacional de Justiça, cuja Corregedoria promoveu uma correição na 13ª Vara e levantou indícios de que, sob Sergio Moro, a Lava Jato criou uma operação de “cash back” para conseguir administrar, a seu bem entender, a bolada fruto de multas aplicadas às empresas investigadas na Lava Jato.

Segundo relatório da correição obtido pela reportagem, a fundação privada idealizada por Deltan Dallagnol era parte do sistema de “recirculação de valores” criado pelos próprios agentes da Lava Jato, ainda na época de Sergio Moro, para atender aos interesses particulares dos expoentes da operação. A atuação de Deltan Dallagnol se sobressai justamente por seu ativismo e conluio com os agentes americanos.

Esse plano da Lava Jato para colocar as mãos nas verbas bilionárias decorrentes das multas de acordos de leniência e delação pode explicar, em parte, o motivo da operação ter sido marcada por uma gigantesca contradição: enquanto era tratada como culpada nos EUA, no Brasil, a Lava Jato foi considerada “vítima” dos esquemas de corrupção, o que possibilitou à Lava Jato criar o esquema de devolução de dinheiro para a petroleira – para que ela, ao final, fizesse frente à tentativa de criação da fundação privada.

É nesse contexto que o jornalista Luis Nassif entrevista o advogado André de Almeida, que comenta as razões que levaram a Petrobras a ser processada nos EUA e a situação da ação coletiva similar que propôs no Brasil em benefício dos acionistas brasileiros. Além das reuniões secretas, Almeida também avalia a tentativa de criação da Fundação Lava Jato e comenta a indústria do compliance que se formou na esteira das sentenças proferidas na Lava Jato.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista com o advogado André de Almeida:

O início das class action e os encontros secretos


“Eu iniciei a ação judicial em dezembro de 2014. Havia muita duvida no Ministério Público Federal se a class action era boa ou ruim para os objetivos deles. Então vários membros do Ministério Público me chamaram a Curitiba para conversar acerca do que eu estava fazendo, para compreender.

No início, eu insisti muito para que os convites fossem formais, que as reuniões tivessem objetivo, pauta, datas, participantes. Mas era o oposto do que a turma do Ministério Público Federal em Curitiba queria fazer. Eles queriam reuniões às escuras, às escondidas, para conversar sobre a class action, para então pensar se isso era bom ou ruim para os objetivos deles no Brasil. Eu percebi claramente essa expectativa de manipulação

Estive em reuniões onde tinham representantes do governo estrangeiro, não identificados. Tinham representantes do Ministério Público Federal de várias localidades diferentes. Minha intuição me dizia que eu tinha que me afastar, que dali não sairia nada bom. Toquei minha vida, levei adiante o processo em Nova York, fiz o acordo de 3 bilhões de dólares, auxiliei o DOJ (departamento de justiça dos EUA) e a SEC (a comissão de valores mobiliários) com informações para que pudessem receber o dinheiro da Petrobras. Escrevi o livro sobre o assunto e está aí a história.”

A relação da Lava Jato com os EUA


“A minha ação judicial era de mercado de capitais e eu buscava indenização econômica. Eu fiz de tudo para ficar de fora das práticas para se obter delações. Aquilo lá não cheirava bem e acho que o governo americano tem muita experiência nesse assunto, dividiu experiências com o MPF, e o resultado não foi dos melhores.

Nos meandros da Lava Jato, em 2014, 2015, 2016, havia uma intensa relação informal e até mesmo ilícita entre o MPF e agentes americanos. Troca de informação por canais que não são os oficiais.”

A fundação privada


“Por exemplo, anteontem a juíza Gabriela Hardt teve uma punição administrativa em virtude de ter homologado a repartição da indenização entre DOJ e MPF, como se MPF fosse ente do Poder Executivo, levando adiante condutas de educação, anticorrupção. Ou seja, aquela tal Fundação Lava Jato, que é uma excrecência jurídica, agora está sendo desnudada. As punições administrativos virão. É gravíssimo o MP fazer negócios. O MP é fiscal da lei. Daí a virar uma fundação com dinheiro para educar a sociedade, é um completo atropelo de competências.

Foi uma operação casada [a criação da fundação]. Os procuradores da República chegaram a propor – segundo aqueles vazamentos de Telegram – um monumento para a Lava Jato em Curitiba. A vaidade tomou conta do MP naquele momento. O juiz virou quase um sócio naquele processo. E a Polícia Federal formava o tripé. Era o trio da acusação: polícia, MP e juiz mandando prender, sequestrar valores, aceitando e negociando delações, e obviamente fazendo trabalho de qualidade jurídica ruins que, ao final, foram anulados pelo Supremo.

Agora temos que discutir essas empresas que foram pagando indenização nesses processos anulados. Temos que discutir como o Estado devolve o dinheiro que recebeu.”

Indústria do compliance


A advocacia brasileira é excepcional no seu nível técnico. Não vejo motivo jurídico, econômico ou estratégico para que empresas brasileiras contratem escritórios estrangeiros para defendê-las no Brasil. A Eletrobras, por exemplo, gastou valores milionários com um escritório americano.

Kissinger falava que o Estado americano está presente em tudo. Hoje em dia, em época de violações de privacidades nas mídias sociais, tempos de guerra, tempos de desinformação, é complicado deixarmos empresas brasileiras valiosas sendo representadas por empresas estrangeiras que têm profundas conexões com seus respectivos Estados estrangeiros.

Como pode o Estado brasileiro, acionista majoritário da Petrobras contratar escritórios estrangeiros em temas sensíveis ao Brasil, quando existem no Brasil escritórios com absoluta competência técnica para fazer o trabalho? Acho um erro.

Acho um erro estratégico. Não acho que uma empresa chinesa estratégica para a China deva contratar escritório americano para verificar suas práticas. Da mesma forma que não acho que uma empresa francesa deva contratar escritório americano para se auto-auditar. Não vejo nenhuma coerência, explicação ou base lógica na contratação de escritórios estrangeiros.

O que aconteceu no país entre 2014 e 2018 gerou medo absoluto. Eu via aquelas contratações, de um lado, como erro estratégico, e de outro, como uma tentativa de blindagem política na qual o Executivo contrata uma marca forte para, um dia se for acusado de ter sido leniente [com corrupção], ele argumenta que contratou alguém com marca e reputação forte.”

Moro, Dallagnol e a porta-giratória


“A Lava Jato teve seus méritos de trazer discussões acerca de compliance e práticas corporativas que deveriam existir. Agora, o comportamento do MPF foi vergonhoso. Trazer a Petrobras para a qualidade de assistente de acusação foi erro brutal.

Um deles depois vira deputado federal [Deltan Dallagnol] e, agora, ao que parece, está indo para o caminho de fundar uma igreja ou uma seita evangélica. (…) Imagina a confusão intelectual que habita a mente de um ser humano desse.

Alguns outros foram mais espertos, fizeram o que fizeram, e pediram aposentadoria do Ministério Público e sumiram.

A história do Moro é uma pornochanchada. Um sujeito que é juiz, que leva adiante seu processo judicial com toda a característica incisiva dele. Comete uma série de violações, prisões [indevidas], quase que com tortura. Participa do processo eleitoral brasileiro ao divulgar material processual sigiloso. E meses depois, ele é ministro do presidente que ele ajudou a eleger. Briga com o presidente, vira senador e hoje é quase cassado. E nesse meio termo, ele vai trabalhar na Alvarez & Marsal, que é a empresa que prestava consultoria na recuperação judicial da Odebrecht. São muitas idas e vindas que demonstram – como o ministro Gilmar Mendes falou recentemente – que naquele momento de ruptura institucional brasileira, em 2013, havia clamor de moralidade. A Lava Jato entregou o tal clamor. E a imprensa elegeu o Moro [herói], e ele acreditou nisso.

“A Lava Jato, na minha visão, começa em 2013, naqueles protestos de ruas pelo Brasil. Havia um clamor popular. A resposta brasileira ao clamor de 2013 foi a Lava Jato.

Tenho com relação ao senador Moro as mais profundas reservas. Acho que ele cometeu erros judicantes indesculpáveis. Acho que cometeu injustiças absolutas. Prendeu, torturou e condenou ilicitamente dezenas de pessoas. Quebrou grandes grupos empresariais brasileiros. E as homenagens que ele recebeu mundo afora são sinais de que talvez ele estivesse pensando muito mais nele do que nos processos. A história dele está para ser contada ainda. Não está nem na metade, muito mais vai se descobrir dele.”

O fim do lavajatismo?


“Eu acho que o Ministério Público Federal baixou a bola, mas vai voltar em breve. Eu volto no tempo para falar que, antes da Lava Jato, existiram operações gravíssimas como a Satiagraha; antes dela, a Castelo de Areia e outras. O afã do MPF pelo protagonismo é muito grande. E aí volto nas palavras do ministro Sepúlveda Pertence, em 1988, quando, ministro do STF, viu o texto final da Constituição Federal brasileira e falou assim: ‘pelo que estou vendo, eu espero que o Ministério Público tenha boas relações no futuro com a República Federativa do Brasil’.”

terça-feira, 23 de abril de 2024

Reinaldo Azevedo, no UOL: Bolsonaro será julgado por tentar golpe, e atos como o do Rio pesarão na sua pena

 

Do UOLO colunista do UOL Reinaldo Azevedo analisa o ato do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Copacabana, no Rio de Janeiro, no domingo (21).

Vídeo 01









Entenda quem é quem na "Internacional Fascista" que dá suporte a Bolsonaro, com Musk, Trump e Milei

 

Sobre a interancional da extrema direita que financia e dá suporte a Donald Trump, Javier Milei e Jair Bolsonaro  - além de Elon Musk

Do Canal do Instituto Conhecimento Liberta:




Além de matar pessoas, governo Tarcísio quer matar a TV Cultura. Artigo de Luis Nassif

 

O governo Tarcísio de Freitas é a maior ameaça política do país. Está miliciando a Polícia Militar, primeiro incentivando os genocídios e, agora, conferindo poder de fiscalização. Depois, investindo contra todas as instituições independentes.


Do Jornal GGN:

Além de matar pessoas, governo Tarcísio quer matar a TV Cultura

Reprodução vídeo


Já escrevi que o governo Tarcísio de Freitas é a maior ameaça política do país. Está miliciando a Polícia Militar, primeiro incentivando os genocídios e, agora, conferindo poder de fiscalização. Depois, investindo contra todas as instituições independentes.

Sua última investida é sobre a Fundação Padre Anchieta, que administra a TV Cultura, e um dos símbolos da sociedade civil paulistana. Ao longo do tenebroso período bolsonarista, a Cultura conseguiu se safar relativamente inteira, com exceção de alguns âncoras das rádios.

A verduga da Fundação Padre Anchieta é a Secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo Marilia Marton. Apenas reeditou a perseguição que o governo Bolsonaro empreendeu contra a Fundação.

Sua primeira atitude foi cortar totalmente as verbas de manutenção da Fundação – aquelas destinadas a pagamento de salários, reformas, manutenção e lançamento de programas. Em março houve o bloqueio de R$ 35 milhões para a fundação, que teve que se virar com projetos para terceiros.

Depois, entrou em uma série de conflitos conceituais:

Financiamento: A Secretaria da Cultura questiona o alto custo de produção da TV Cultura, defendendo uma redução de despesas. A FPA argumenta que a verba recebida é insuficiente para manter a qualidade da programação e que cortes afetariam negativamente os serviços prestados.

Gestão: A Secretaria da Cultura deseja ter maior controle sobre a gestão da FPA, incluindo a nomeação de diretores. A FPA defende sua autonomia como entidade de direito privado, reivindicando liberdade para tomar decisões estratégicas.

Conteúdo: A Secretaria da Cultura busca direcionar a programação da TV Cultura para um público mais amplo, com foco em entretenimento e divulgação dos feitos do governo. A FPA defende a manutenção de uma programação educativa e cultural de qualidade, mesmo que direcionada a um público de nicho.

Futuro da FPA: A Secretaria da Cultura avalia diferentes modelos para o futuro da FPA, incluindo a privatização ou a fusão com outras entidades. A FPA defende sua permanência como instituição autônoma, com foco na produção de conteúdo educativo e cultural.

Antes disso, não passou incólume pelo governo José Serra, mas por puro oportunismo de Paulo Markun, que assumiu a presidência. Serra estava em fim de governo estadual e Markun ambicionava ser reconduzido ao cargo. Para mostrar serviço, rompeu o contrato com Heródoto Barbero, por críticas ao preço do pedágio, e a mim próprio, por críticas que fiz à iniciativa de Serra de gastar publicidade da Sabesp no Nordeste.

Mas, em ambos os casos, foi decisão individual de Markun. Quem me contou, na época, foi o Secretário de Cultura João Sayad. O arroubo de Markun acabou irritando o próprio Serra, que foi responsabilizado pelas demissões.

Depois de ter sido desligado da Fundação, por manter postura independente, recebi convite da TV Brasil. E fui alvo de reportagem sensacionalista da jornalista Vera Magalhães, na Folha, me “acusando” de ter sido contratado sem licitação. A repórter ouviu a próprio FPA, que falou o óbvio: não podia haver licitação para a contratação de comentaristas. Vera cortou esse trecho da reportagem. E o factóide quase gerou uma CPI proposta pelo deputado Roberto Freire.

Curiosamente, a única irregularidade da FPA ocorreu com a própria Vera, âncora do Roda Viva: a prorrogação do contrato de Vera com a FPA, assinada quatro meses antes do término do anterior, violou a lei proibitiva de assunção de despesas em final de gestão.

Nenhum dos episódios teve responsabilidade da FPA. Foram atitudes individuais de jornalistas ambiciosos. O modelo institucional da FPA, até agora, tem permitido a manutenção de uma programação de qualidade.

O caso Daniela Lima e o exercício do patrulhamento sobre o jornalismo, por Luís Nassif

 

Crítica de Gabeira e Leilane à Daniela Lima teve o claro intuito de patrulhamento, um processo algo sórdido de competição nas redações

Do Jornal GGN:

Reprodução GloboNews


Essas disputas de rede social fazem mal para o jornalismo.

A última treta foi a exploração de uma discussão tola entre Daniela Lima, Leilane Neubarth e Fernando Gabeira. Tola, devido ao primarismo de Leilane e Gabeira, de questionar a informação de Daniela, de que o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz havia impedido a liberação de Lula, após o habeas corpus concedido por seu colega Rogério Favreto.

Daniela mencionou o episódio e foi admoestada pelos dois colegas, que não era isso que estava sendo julgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no julgamento que levou ao afastamento de três desembargadores do TRF-4.

Sempre que um personagem é citado, há a necessidade de contextualizar, para que os espectadores saibam alguma coisa marcante sobre ele. E o que de mais marcante se sabe sobre Thompson Flores foi sua atitude de atropelar as prerrogativas do colega, em um fim de semana, para uma medida política. O que Leilane e Gabeira deveriam ter feito era mostrar outro episódio nacionalmente marcante na carreira de Thompson Flores. Não mostraram porque não conheciam, e porque, fora suas arbitrariedades na Lava Jato, Thompson Flores é um ilustre desconhecido do Brasil.

Denise Assis: Bolsonaro solto é útil para a mídia corporativa e para os direitistas

 

"Do ponto de vista da mídia e eu diria até mesmo da Justiça, interessa manter Bolsonaro solto até o pós-eleições. Ele puxará votos para os candidatos da direita e da ultradireita e conseguirá frear o avanço dos candidatos do campo progressista. Há método na calmaria em torno dos seus atos criminosos."

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Do 247:

Flopou? Sim, segundo os números. O ato de Bolsonaro atraiu para a Atlântica 32 mil pessoas – de acordo com o Monitor do Debate Político da USP -, 18% a menos que os 185 mil fanáticos que foram quarar no sol da paulista, em 25 de fevereiro. Àquela altura, como todos se lembram, havia medo e silêncio do lado de lá, e uma incursão policial à casa de praia do “mito”, nas manchetes da mídia. Nas redes, os bolsominions paralisados e sem argumento.

Para quem conhece bem o arco da praia de Copacabana, sabe que naquela extensão o total acima preenche no máximo dois quarteirões e, visto do alto, o ajuntamento mais parece uma cárie na arcada que embeleza a Princesinha. Um ponto na imensidão.

O dado, embora relevante, não quer dizer nada, se mirarmos apenas o topo daquele caminhão – que, dizem, foi pago pelo ventríloquo Malafaia, mas que eu gostaria de ver alguém indo mais fundo nessa história. O que importa tanto na manifestação de São Paulo, quanto nesta, do Rio, é o que foi dito, o que ecoou, mas também o que não está explícito e deve ser observado.

O país vinha em 2023 do impacto dos acontecimentos do 8 de janeiro, das apurações surgindo em ritmo frenético, das prisões, condenações e escândalos, tal como os tópicos vazados da delação do tenente-coronel Mauro Cid, a foto do papai Cid frente a um estojo de joias, e a gravação de uma reunião que chocou a sociedade. Ali foram vistas confissões, estratégias, providências desbragadas. Impactante tanto para os do campo progressista quanto dos “seguidores” de Bolsonaro -, a ponto de pouco se manifestarem nas redes, (seu habitat natural), depois das imagens/provas contundentes virem a público.

Passo seguinte, esperou-se algum avanço jurídico rumo ao seu grupo de militares graduados e a ele próprio. Prisão? A Justiça tem seus meandros e o que se alegou – e a gente acredita -, foi que era necessário ter calma para que a sua prisão se dê de modo irreversível e inapelável. E ninguém quer fazer diferente. Porém, se esperava que ele por inelegível (embora sem perder os direitos políticos) e em situação de constrangimento e restrições – não se aproximar do presidente do seu partido, por exemplo -, se recolhesse à sua momentânea insignificância.

Mas eis que, com a ajuda do filho 03, Bolsonaro se lançou em uma campanha de fora para dentro, para tentar salvar a própria pele. Buscando apoio na ultradireita no exterior, armou-se de coragem e foi para a rua. Sacudiu a sua turma entre 25 e 30% que o segue em qualquer circunstância, reaqueceu a militância e plantou o seu discurso na camada subcutânea dessa história.

Esfriaram-se as investigações e manchetes. Os generais do seu entorno e envolvidos no golpe foram sendo descorados das notícias, enquanto ele, Bolsonaro, voltava a posar de político influente. Para efeito do seu público, estava sendo vítima da perseguição de um ministro malvado do Supremo Tribunal Federal, que o queria liquidado para implantar, ele sim, Alexandre de Moraes, uma ditadura e a censura no país.

Bolsonaro, que deu no pé para os EUA após a derrota, deixando atrás de si um bando de desvalidos na chuva, acampados dias a fio sem orientação e sem perspectiva, agora voltava à cena para pedir pelos “órfãos de pais vivos”. Os mesmos pelos quais ele considerou, não ter nenhuma responsabilidade. Escafedeu-se sem retrato e sem bilhete.

Ele, o predestinado ao poder, por Deus, que o salvou de uma facada para colocá-lo na cadeira presidencial, merece agora (em seu discurso) o perdão, pois tal como a juíza Gabriela Hardt (no dizer dos comentaristas da GloboNews ela só teve a ideia de fazer uma Fundação endinheirada), apenas apresentou uma minuta com regras claras para se perpetuar no poder. Argumentos iguais para situações diferentes. O que é um Estado de Sítio, se não um item da Constituição Federal? Pergunta candidamente.

O seu discurso perigoso, manhoso, desconexo, mentiroso, com obras e dados usurpados de governos que não foram o seu – vide o canal do S. Francisco, que ele coloca na própria conta -, caem nos ouvidos dos seus seguidores como música. É reproduzido nas redes sociais com impulsionamento do seu guru, Elon Musk e se dissemina país a fora. Seu choro daqui a pouco vai ser engarrafado para ser passado em feridas, de tão santificado que vai se tornando, à medida que caminha pelo Brasil varonil verde e amarelo.

O grave, meus amigos, o que é preciso prestar a atenção é o seguinte: há riscos em se ter Jair Bolsonaro solto, tensionando a sociedade brasileira. Ele é a borboleta que bateu asas no Rio e pode provocar um tsunami no balneário de Camboriú. Nós, brasileiros, esquecemos e perdoamos fácil. Estamos deixando os fatos esfriarem e concedendo tempo para ele construir o discurso fantasioso em sua defesa.

Basta lembrar que ele deixou morrer 700 mil pessoas na pandemia e os pais, filhos e netos dessas pessoas mortas por negacionismo e desleixo votaram em Bolsonaro. Do contrário, como explicar que ele tenha quase batido o presidente Lula nas urnas?

Do ponto de vista da mídia e eu diria até mesmo da Justiça, interessa manter Bolsonaro solto até o pós-eleições. Ele puxará votos para os candidatos da direita e da ultradireita e conseguirá frear o avanço dos candidatos do campo progressista. Há método na calmaria em torno dos seus atos criminosos. Ele pode ser o freio de arrumação para os planos da centro-direita que sonha com um retorno às lides políticas com alguma dignidade. Bolsonaro, no momento, é útil.

Ninguém vai tocar no general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que era comandante militar do Planalto quando ocorreram os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Mais um que o comandante Tomás Paiva tenta transformar em herói, depois de ver naufragadas as tentativas de elevar o brigadeiro Carlos Batista Júnior e, principalmente, o general e companheiro de armas Marco Freire Gomes, ao livro sagrado.

Poucos caíram na lenga-lenga de que Freire deu voz de prisão a Bolsonaro, tão indignado ficou depois de se reunir cinco vezes para discutir a minuta do golpe... Agora Dutra, tal como nos escritos de Hannah Arendt, no dizer do comandante “apenas cumpriu ordens”.

Deixem esse assunto amortecido. Nada de punições agora. O comício, foi isso o que foi aquele ato de domingo (21) na Avenida Atlântica, abriu a temporada de caça ao eleitor. De preferência, todos que possam atravessar o caminho dessa esquerda calada, mas resiliente. Tirar Bolsonaro do cenário político nesse momento distensionaria o ambiente. Mas a quem interessa fazer isso?